SER-HOMEM: DESCONSTRUINDO O MASCULINO EM GRUPO DE ACOLHIMENTO DE CAPSAD

Raissa da Rocha Teixeira, Mariana Pfitscher Almeida

Resumo


O presente texto busca trazer o relato da experiência de estágio institucional realizada através de encontros semanais, com rotação de usuários, em 2022 no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPSad) Cia do Recomeço, na cidade de Santa Maria. Nestes encontros, a mediadora, psicóloga da unidade, apresentava propostas de discussão, porém, para além destes dispositivos e intervenções, os assuntos abordados eram criados a partir dos temas trazidos pelos participantes em cada um dos encontros. Organicamente, o grupo acabou se tornando majoritariamente masculino, quando então foi possível perceber uma necessidade de debater ideias sobre o que é “ser homem” em um olhar do social, do que é esperado e do socialmente aceito. A partir do momento em que o espaço tornou-se exclusivamente masculino, os integrantes viram a oportunidade de conversar sobre experiências e sentimentos que não eram ouvidos ou compreendidos fora desses encontros, pela família ou amigos. Ao terem suas dores respeitadas e perceberem que suas queixas também são queixas de outros homens, eles permitiram-se ser vulneráveis de uma forma não experimentada por eles antes, resultando em uma autocompreensão mais complexa e aprofundada. Foi possível, por exemplo, entender e nomear sentimentos, criar ferramentas para enfrentamento de crises de ansiedade e irritabilidade, assim como trabalhar a habilidade de verbalizar seus sentimentos e necessidades. Dessa maneira, os encontros promovidos no CAPSad Cia do Recomeço demonstram o potencial de espaços masculinos seguros para o processo de desconstrução de masculinidades indesejadas, mostrando que a escuta ativa e a reunião de indivíduos com experiências semelhantes são essenciais para que esses espaços existam. 


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